16/12/2010

A descoberta do corpo




A oficina de Roberta Roldão (“A construção do homem dançante”) foi mais que uma simples oficina, foi uma auto-descoberta (coletiva), quase uma análise. Corpos se descobriram dançantes, rotinas foram descobertas coreografias. E aos poucos todos nos descobrimos personagens ativos nessa oficina que tanto colaborou com nosso crescimento.

Há a certeza de que todos os participantes da oficina, ao chegarem em casa, ou procurarão mais vídeos sobre dança ou procurarão maneiras de se inscrever nas aulas. A dança toca, profundamente, onde sequer imaginamos que ela chegue.

Roberta passou, com tranqüilidade e clareza, alguma noção de corpo, e um “despertar” desse corpo, muitas vezes adormecido há anos, e também alguns passos básicos de dança, samba e salsa. Ao final, deu um show com seu parceiro Ivanilson, mostrando que a dança não é um mistério mas é, com certeza, uma arte.


Aproveito a oportunidade para divulgar um poema que foi lembrado por mim neste momento.

O corpo não espera

Jorge de Sena


O corpo não espera. Não. Por nós
ou pelo amor. Este pousar de mãos,
tão reticente e que interroga a sós
a tépida secura acetinada,
a que palpita por adivinhada
em solitários movimentos vãos;
este pousar em que não estamos nós,
mas uma sêde, uma memória, tudo
o que sabemos de tocar desnudo
o corpo que não espera; este pousar
que não conhece, nada vê, nem nada
ousa temer no seu temor agudo...

Tem tanta pressa o corpo! E já passou,
quando um de nós ou quando o amor chegou.


Texto: Gabriela Araújo

Foto: Gabriela Araújo


Um comentário:

  1. Muito Bacana a proposta da Oficina a dança de salão preserva o toque, tão vulgarizado em nosso tempo, parabéns para Equipe Novas Tendências...

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